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quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Conceitos de Epidemiologia

DEFINIÇÕES E CONCEITOS FUNDAMENTAIS 

Partindo das definições de Saúde e Doença, podemos nos preparar para o estudo do processo saúde-doença e da intervenção sanitária no mesmo iniciando pelo entendimento dos conceitos fundamentais seguintes: 

AGENTES – A definição varia segundo o modelo de entendimento da epidemiologia adotado:
 No modelo biomédico, Agentes Etiológicos ou Fatores Etiológicos são “Os que agem na origem das doenças”. Os agentes são os causadores das doenças (ou patógenos). Ver Epidemiologia. 
 No modelo processual, Agentes são “fatores que perturbam o ser diretamente em suas funções vitais produzindo a doença”. Ver em Epidemiologia 
 No modelo sistêmico o conceito extrapola o de agente ou fator etiológico clássico, onde um agente pode ser não só um micro organismo, mas um poluente químico, um gene, e outros que possam levar a agravo à saúde. Nos dois últimos modelos, quando nos referimos a Agentes ou Fatores estamos falando em fatores ou agentes físicos (temperatura, radiação, etc), químicos (mercúrio), biológicos ou biopatogênicos (ancilostomídeos, nematódeos, bactérias, vírus, etc.), nutricionais (excesso de gorduras, ausência de proteínas), genéticos, etc. Os atributos dos Agentes Etiológicos ou Biopatógenos, segundo sua relação com o hospedeiro, são fundamentais para o entendimento das doenças infecciosas: 
 Infectividade é a capacidade de certos organismos (agentes) de penetrar, se desenvolver e/ou se multiplicar em um outro (hospedeiro) ocasionando uma infecção. Exemplo: alta infectividade do vírus da gripe e a baixa infectividade dos fungos. 
 Patogenicidade é a capacidade do agente, uma vez instalado, de produzir sintomas e sinais (doença). Ex: é alta no vírus do sarampo, onde a maioria dos infectados tem sintomas e a patogenicidade é reduzida do vírus da pólio onde poucos ficam doentes. 
Virulência é a capacidade do agente de produzir efeitos graves ou fatais, relaciona-se à capacidade de produzir toxinas, de se multiplicar etc. Ex: baixa virulência do vírus da gripe e do sarampo em relação à alta virulência dos vírus da raiva e do HIV. 
 Imunogenicidade é a capacidade do agente de, após a infecção, induzir a imunidade no hospedeiro. Ex: alta nos vírus da rubéola, do sarampo, da caxumba que imunizam em geral por toda a vida, em relação à baixa imunogenicidade do vírus da gripe, da dengue, das shiguelas e das salmonelas que só conferem imunidade relativa e temporária.

AGRAVO À SAÚDE – mal ou prejuízo à saúde de um ou mais indivíduos, de uma coletividade ou população”. 

BOAS PRÁTICAS – conjunto de procedimentos necessários para garantir a qualidade sanitária dos produtos em um processo de trabalho (produção ou serviço). 

CASO: é uma pessoa ou animal infectado ou doente que apresenta características clínicas, laboratoriais e epidemiológicas específicas de uma doença ou agravo. 

CASO SUSPEITO: é a pessoa cuja história clínica, sintomas e possível exposição a uma fonte de infecção sugerem que o mesmo possa estar ou vir a desenvolver alguma doença infecciosa. O caso suspeito varia de acordo com cada doença ou agravo. 

COEFICIENTE - é a relação entre o número de casos de um evento e uma determinada população, num dado local e época.

COMUNICANTE: são todos aqueles (pessoa ou animal) que estiveram em contato com um reservatório (pessoa - caso clínico ou doente e portadores ou animal infectado) ou com ambiente contaminado, de forma a ter oportunidade de adquirir o agente etiológico de uma doença. 

CONTAMINAÇÃO é a presença do agente (infeccioso no modelo biomédico) ou fator de risco.

CONTROLE quando relacionado a doenças significa operações ou programas desenvolvidos para eliminá-las ou para reduzir sua incidência ou prevalência; ou ainda atividades destinadas a reduzir um agravo até alcançar um determinado nível que não constitua mais problema de saúde pública 

DADO: é uma descrição limitada da realidade, não chega a ser uma informação. Pode ser definido como: 
1- Mal ou ofensa pessoal, prejuízo moral. 
2- Prejuízo material causado a alguém ou a alguma instituição pela deterioração ou inutilização de seus bens. 
3- Estrago, deterioração, danificação. 

DETERMINANTES - No modelo processual , são “fatores contribuintes ou determinantes parciais, que em sua articulação e provável sinergia propiciam a atuação do estímulo patológico”. Temos os determinantes econômicos (miséria, privações), determinantes culturais (defecar próximo a mananciais sem tratamento como fator de esquistossomose ou hábitos alimentares perigosos), determinantes ecológicos (desequilíbrios produzidos – poluição atmosférica- ou não pelo homem) ou determinantes psicossociais (stress como imunodepressor; agressividade e desemprego como fatores importantes nos homicídios) e biológicos. 

DOENÇA ou ENFERMIDADE: Falta ou perturbação da Saúde, moléstia, mal, enfermidade. Quanto às Formas das doenças: 
 Forma Manifesta é aquela que apresenta sinais e/ou sintomas clássicos de determinada doença. 
 Forma Inaparente ou Sub-Clínica é aquela em que o indivíduo que não apresenta nenhum sinal ou sintoma (ou que apresenta muito poucos), apesar de estar com a doença presente.(revelada às vezes somente através de exames laboratoriais). 
 Forma Abortiva ou Frustra é aquela que desaparece rapidamente após poucos sinais ou sintomas. 
 Forma Fulminante é aquela que leva rapidamente a óbito. Quanto ao processo de adoecimento e seus Períodos: 
 Período de Incubação é o intervalo de tempo que decorre desde a penetração do agente etiológico no hospedeiro (indivíduo já está infectado), até o aparecimento dos sinais e sintomas da doença, variando de acordo com a doença considerada. 
 Período de Transmissibilidade é aquele em que o indivíduo é capaz de transmitir a doença quer esteja ou não com sintomas. Quanto às causalidades do processo de adoecimento: 
 Multicausalidade é o processo pelo qual as inúmeras presenças (Fatores, Agentes ou Determinantes), tendo acesso ao homem, interagem e podem provocar determinados agravos. Para que uma doença ou agravo tenha início, nenhum fator será por si só capaz de desencadear o processo patológico, esta multiplicidade é a multicausalidade. 
 Relação Causal: diz-se de numa associação estatística significativa, quando uma ocorrência pode ser atribuída a determinado fator ou fatores. Ex: associação hábito de fumar e câncer do pulmão 
 Relação não Causal: diz-se quando uma ocorrência não pode ser atribuída a determinado fator ou fatores apesar de ter numa associação estatística significativa. Ex: associação entre manchas escuras nos dedos (e ou dentes) e câncer de pulmão. 

ENDEMIA - É a ocorrência de determinada doença que acomete sistematicamente populações em espaços característicos e determinados, no decorrer de um longo período, (temporalmente ilimitada), e que mantém uma de incidência relativamente constante, permitindo variações cíclicas e sazonais. 

ENFERMIDADE – É a ocorrência em uma comunidade ou região de casos de natureza semelhante, claramente excessiva em relação ao esperado. O conceito operativo usado na epidemiologia é: uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada, do estado de saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elevação inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando valores do limiar epidêmico preestabelecido para aquela circunstância e doença. Devemos tomar cuidado com o uso do conceito de epidemia lato-sensu que seria a ocorrência de doença em grande número de pessoas ao mesmo tempo. 

EPIDEMIOLOGIA “é a ciência que estuda a distribuição e os determinantes dos problemas de saúde (fenômenos e processos associados) em populações humanas”. É a ciência básica para a saúde coletiva, principal ciência de informação de saúde. Estuda a saúde, mas na prática principalmente pela ausência de saúde sob as formas de doenças e agravos, estes últimos definidos pelo diagnóstico clínico. Seu objeto são as relações de ocorrência de saúde-doença em massa (em sociedades, coletividades, comunidades, classes sociais, grupos específicos, etc.). 

EQUIDADE é a distribuição proporcional de determinado atributo ou direito populacional junto com eficiência, liberdade de escolha e maximização da saúde. Como no exemplo na prestação de serviços de saúde a equidade horizontal seria o tratamento igual de indivíduos que se encontram em situação de saúde igual e a equidade vertical seria o tratamento apropriadamente desigual em situações de saúde distintas de forma a priorizar os maiores problemas e obter uma saúde igualitária 

ETIOLOGIA = estudo da origem das coisas; usado na saúde de forma similar à etiopatogenia. 

ETIOPATOGENIA = origem da patogenia, isto é, doença. 

FATOR* pela sua etimologia, do latim factor, “aquilo que produz”, indicaria necessariamente uma relação causal, no entanto esta precisão (necessariamente) é dificílima de ser verificada na maioria dos fatores de exposição na epidemiologia moderna, que, no entanto consolidou o uso da palavra. 

FATORES DE RISCO* – são os componentes (a depender do modelo) que podem levar à doença ou contribuir para o risco de adoecimento e manutenção dos agravos de saúde: No modelo biológico, o termo é mais usado para se definir causadores das doenças não infecciosas. No modelo processual, como característicos do período pré-patogênico ou mantenedores no período patogênico englobando os Agentes e os Determinantes. No modelo sistêmico, significa realmente qualquer fator que compõe o sistema dinâmico em que o problema de saúde ocorre em toda sua evolução. “Um só fator nunca é suficiente para o aparecimento da doença, mas esta depende de vários determinantes”.

FONTE DE INFECÇÃO: de onde veio determinada infecção. O conceito confunde-se com o de um determinado reservatório específico. 

HOSPEDEIRO: Ser vivo que oferece, em condições naturais, subsistência ou alojamento a um agente infeccioso. Pode ser humano ou outro animal (inclusive aves e artrópodes) Hospedeiro primário ou definitivo é onde o agente atinge a maturidade ou passa sua fase sexuada; hospedeiro intermediário ou secundário é aquele onde o parasita se encontra em forma assexuada ou larvária. No modelo sistêmico o Homem pode ser hospedeiro intermediário ou definitivo. Como em todos os modelos, também no modelo sistêmico, nas doenças infecciosas são importantes os atributos do hospedeiro em sua relação com o agente patogênico: 
 Resistência: é o conjunto de mecanismos do organismo que servem de defesa contra a invasão ou multiplicação de agentes infecciosos ou contra efeitos nocivos de seus produtos tóxicos e depende da nutrição, da capacidade de reação a estímulos do meio, de fatores genéticos, da saúde geral, estresse, ou da imunidade. Resistência Natural é aquela que independe de anticorpos ou de reação específica dos organismos e resulta de fatores anatômicos, fisiológicos, e outros intrínsecos do hospedeiro; pode ser genética, adquirida, permanente ou temporária.  Imunidade: é um subtipo de resistência, específica, associada à presença de anticorpos que possuem ação específica sobre o microorganismo responsável por uma doença infecciosa ou sobre suas toxinas. 
 Suscetibilidade – é medida de fragilidade, a possibilidade adoecimento por determinado agente, fator de risco ou conjunto de causas. A suscetibilidade de uma espécie ocorre quando esta está sujeita a determinada infecção ou doença. Dentro da mesma espécie, há indivíduos resistentes e suscetíveis a uma infecção; a suscetibilidade individual é, portanto, o estado de qualquer pessoa (ou animal) que não apresenta defesa ou resistência contra o agente infeccioso e por essa razão pode adoecer ao entrar em contato com este. Em se falando de doenças infecciosas a suscetibilidade é absoluta, pois o indivíduo é susceptível ou não; porém, quando tratamos das não infecciosas podemos falar em grau variável de susceptibilidade, isto é, alguns indivíduos podem ficar expostos por muito tempo a um determinado fator de risco em altas concentrações e não adoecer enquanto outros em exposições com pequenas concentrações e/ou pouco tempo, adoecem. 

INFORMAÇÃO: Descrição da realidade, mais completa que um dado, associada a um referencial explicativo. Esta surge através de um dado que, após ter sido coletado, é trabalhado de maneira sistemática, produzindo conhecimento. Quanto às Informações em Vigilância Sanitária e Saúde, são importantes os conceitos de “indicador” adiante: 

INDICADOR: Segundo o dicionário “Aurélio” “é o que indica”, ou seja, o que reflete uma característica. A palavra ÍNDICE ora é usada como sinônimo de indicador, ora com uma conotação mais abrangente. Indicador de Saúde indica, revela a situação de saúde (ou um aspecto dela) da população ou de um indivíduo; é montado a partir de dados referenciados no tempo e espaço e pela sua forma de organização e apresentação, facilitam a análise e o olhar com significância sobre a realidade, através de sua simples leitura ou através do acompanhamento dos dados no tempo. A Vigilância Sanitária utiliza muito, no seu dia a dia e em seu planejamento, “Indicadores de Saúde” e “Indicadores Ambientais” e por vezes “Indicadores de Produção”, “Indicadores Demográficos” e “Sócio-Econômicos”. Quanto aos tipos de indicadores mais usados: Proporção, índice ou distribuição proporcional: é a relação entre freqüências atribuídas de determinado evento, sendo que no numerador é registrada a freqüência absoluta do evento que constitui subconjunto daquele contido no denominador que é de caráter mais abrangente. Exemplo: número de óbitos por doenças cardiovasculares em relação ao número de óbitos em geral. Distribuição Proporcional = Nºparcial de casos x 100 Nº total de casos 
 Razão: medida de freqüência de um grupo de eventos relativa à freqüência de outro grupo de eventos. É um tipo de fração em que pelo menos, parte dos elementos do numerador não está contida no denominador, ou seja, o numerador não é um subconjunto do denominador. Exemplo: razão entre o número de óbitos por doença meningocócica e o número de óbitos por meningite tuberculosa. Razão entre o número de casos de AIDS no sexo masculino e o número de casos de AIDS no sexo feminino. 
 Coeficiente ou Taxa: é a relação entre o número de casos de um evento e uma determinada população, num dado local e época. É a medida que informa quanto ao “risco” de ocorrência de um evento. Exemplo: número de óbitos por leptospirose no Rio de Janeiro, em relação às pessoas que residiam nessa cidade em cada ano; nº trabalhadores intoxicados por determinada substância em relação aos trabalhadores de determinada indústria. As Variáveis/ Indicadores de Saúde mais usados são:

• MORBIDADE é a variável característica das comunidades de seres vivos, refere-se ao conjunto dos indivíduos que adquirem doenças (ou determinadas doenças) num dado intervalo de tempo em uma determinada população. A morbidade mostra o comportamento das doenças e dos agravos à saúde na população. Indicadores de Morbidade: A morbidade é freqüentemente estudada segundo quatro indicadores básicos: a incidência, a prevalência, a taxa de ataque e a distribuição proporcional. 

• INCIDÊNCIA: A incidência de uma doença, em um determinado local e período, é o número de casos novos da doença que iniciaram no mesmo local e período. Traz a idéia de intensidade com que acontece uma doença numa população, mede a freqüência ou probabilidade de ocorrência de casos novos de doença na população. Alta incidência significa alto risco coletivo de adoecer. Coeficiente de = nºde casos novos de determinada doença em um dado local e período x 10 n Incidência População do mesmo local e período 

• PREVALÊNCIA: prevalecer significa ser mais, preponderar, predominar. A prevalência indica qualidade do que prevalece, prevalência implica em acontecer e permanecer existindo num momento considerado. Portanto, a prevalência é o número total de casos de uma doença, existentes num determinado local e período. Coeficiente de = nºde casos existentes (novos + ant.) em dado local/momento/período x10 n Prevalência População do mesmo local e período O coeficiente de prevalência é mais utilizado para doenças crônicas de longa duração. Ex: hanseníase, tuberculose, AIDS, tracoma ou diabetes. Casos prevalentes são os que estão sendo tratados (casos antigos), mais aqueles que foram descobertos ou diagnosticados (casos novos). A prevalência, como idéia de acúmulo, de estoque, indica a força com que subsiste a doença na população. A prevalência pode ser pontual ou no período (lápsica): 
 Prevalência pontual (instantânea ou prevalência momentânea) é medida pela freqüência da doença ou pelo seu coeficiente em um ponto definido no tempo, seja o dia, a semana, o mês ou o ano. No intervalo de tempo definido da prevalência pontual, os casos prevalentes excluem aqueles que evoluíram para cura, para óbito ou que migraram. 
 Prevalência num período de tempo ou lápsica abrange um lapso de tempo mais ou menos longo e que não concentra a informação em um dado ponto desse intervalo. Na prevalência lápsica estão incluídos todos os casos prevalentes, inclusive os que curaram, morreram e emigraram. 

• TAXA DE ATAQUE: é também um indicador muito usado onde o construímos. É o coeficiente ou taxa de incidência de uma determinada doença para um grupo de pessoas expostas ao mesmo risco limitadas a uma área bem definida. É muito útil para investigar e analisar surtos de doenças ou agravos à saúde em locais fechados. Taxa de ataque = Nºde casos de uma determinada doença num dado local e período x 100 População exposta ao risco 

• MORTALIDADE: é a variável característica das comunidades de seres vivos; refere-se ao conjunto dos indivíduos que morreram num dado intervalo do tempo. Representa o risco ou probabilidade que qualquer pessoa na população apresenta de poder vir a morrer ou de morrer em decorrência de uma determinada doença. Diversas vezes temos que medir a ocorrência de doenças numa população através da contagem de óbito e para estudá-las corretamente; estabelecemos uma relação com a população que está envolvida. É calculada pela taxas ou coeficientes de mortalidade. Representam o “peso” que os óbitos apresentam numa certa população. Indicadores de Mortalidade: Calculamos principalmente os coeficientes ou taxas de mortalidade geral, mortalidade infantil, mortalidade por causa e a letalidade, apesar de haver muitos outros coeficientes de mortalidade bastante usados. Coeficiente de Mortalidade Geral: Número total de óbitos, no período x 1.000 População total, na metade do período. É a relação entre o total de óbitos de um determinado local pela população exposta ao risco de morrer. Apesar de não ser um bom indicador possibilita comparar uma série de anos para o mesmo local. Coeficiente de Mortalidade = Nºóbitos em <1ano em determinada área e período x 1.000 Infantil Nºde nascidos vivos na mesma área e período O coeficiente de mortalidade infantil mede a proporção de crianças que morrem antes do primeiro ano de vida em relação aos nascidos vivos, em determinada área e período, isto é, o risco dessa criança morrer. Coeficiente de = Nºde óbitos p/ determinada causa (ou grupo de causas), no período x100mil Mortalidade por Causa População na metade do período Permite conhecer os riscos de morrer por uma determinada causa e conseqüentemente orientar sua prevenção específica. Nas doenças transmissíveis é bom indicador para avaliar as ações de saneamento e a eficácia e o impacto de medidas de prevenção e controle adotadas. Relaciona o número de óbitos por uma determinada causa pela população exposta. 

• ESPERANÇA DE VIDA = é o número médio de anos que ainda restam para serem vividos por indivíduos de determinada idade, pressupondo-se que a probabilidade de morte que foi base deste cálculo continue inalterada nesta população. É muito usada a esperança de vida ao nascer. 

• LETALIDADE ou fatalidade ou ainda, taxa de letalidade relaciona o número de óbitos por determinada causa e o número de pessoas que foram acometidas por tal doença. Esta relação nos dá idéia da gravidade do agravo, pois indica o percentual de pessoas que morreram Sheila Duarte Pereira – 2004 12 por tal doença e pode informar sobre a qualidade da assistência médica oferecida à população. Taxa de Letalidade = Nºóbitos pela doença em determinada área e período x 100 ou 1000 Nº total de pessoas com a doença na mesma área e período As Variáveis de Planejamento de Ação em VISA - além dos indicadores clássicos, são necessárias a análise das variáveis seguintes, fundamentais para o planejamento, a execução a contento das ações de vigilância sanitária ou qualquer intervenção efetiva e no processo saúde-doença. 

• GOVERNABILIDADE = É a capacidade de intervenção em determinada questão ou sobre determinado problema, por determinado órgão ou agente. Ex: a governabilidade da vigilância Sanitária sobre a desnutrição infantil é pequena sendo muito maior a governabilidade da assistência primária à saúde. A governabilidade da VISA municipal sobre a ocorrência de intoxicações alimentares em restaurantes é muito maior que a da assistência à saúde (apesar do diagnóstico ser feito pela última). 

• GRAVIDADE é a avaliação das conseqüências do processo ou da doença, é medida pela letalidade, taxa de hospitalização, pelas as seqüelas e outras conseqüências. É traduzida erroneamente do inglês “severity” por “severidade” (ver mais informações sobre o uso do conceito de gravidade no capítulo sobre “Avaliação e Priorização de Riscos”. 

• MAGNITUDE - Avaliação da dimensão do problema/processo saúde-doença – onde se leva em conta principalmente a freqüência da ocorrência isto é, a incidência, a prevalência, a morbidade e a mortalidade e, em planejamento e Vigilância Sanitária, a gravidade do efeito (conseqüência, ou dano) do evento. Para maiores detalhes de como se fazer a avaliação da magnitude e como se pode usar este conceito, veja adiante capítulo sobre “Avaliação e priorização de Riscos” pg 20. 

• SEVERIDADE – É a conseqüência de traduções errôneas do inglês de “Severity, usado como sinônimo de gravidade, mas segundo o “Aurélio” é a “qualidade de severo, ato severo, rigoroso, inflexibilidade de caráter ou sobriedade”. 

• TRANSCENDÊNCIA - é a medida da relevância social, da importância, do reconhecimento que determinada população dá a um evento, do desejo da comunidade de resolver o problema. Esta é normalmente bastante influenciada também pela gravidade dos eventos. Este conceito também é muitas vezes chamado de Valor Social (planejamento estratégico). 

• VULNERABILIDADE - a permeabilidade à intervenção, a condição de modificação do processo, do quadro, conforme a capacidade científica e técnica de intervenção. Este conceito é fundamental para o Planejamento Estratégico em Vigilância Sanitária. 

ÍNDICE – ora é usada como sinônimo de indicador, ora com uma conotação mais abrangente “expondo situações multidimensionais do problema estudado e incorporando em uma medida única, diferentes aspectos ou diferentes indicadores” 

OCORRÊNCIA - acontecimento, sucesso, circunstância. 

PANDEMIA - caracterizada por uma epidemia com larga distribuição geográfica, atingindo mais de um país ou de um continente. Um exemplo típico deste evento é a epidemia de AIDS que atinge todos os continentes. 

PATÓGENO - são os agentes causadores das doenças.

PERIGO
1- Circunstância que prenuncia um mal para alguém ou para alguma coisa; 
2- Aquilo que provoca tal circunstância; 
3- Estado ou situação que inspira cuidado; 
4- Situação de fato da qual decorre o temor de uma lesão física ou moral a uma pessoa ou de uma ofensa aos direitos dela. 

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO - Método de planejamento muito usado na Saúde Pública. 

POLUIÇÃO é a presença de substâncias nocivas à saúde, não necessariamente infecciosas, no ambiente. 

PONTO CRÍTICO DE CONTROLE é a etapa do processo de produção onde existe o risco de dano ao produto (ou ao trabalhador) e onde é possível aplicar medidas de controle para evitá-lo, preveni-lo ou reduzi-lo..

PORTADORES são os que têm o agente infeccioso, podem transmiti-lo, mas no momento não apresentam sintomas.  Portadores ativos ou já tiveram sintomas ou virão a tê-los.  Portadores passivos são os que nunca apresentaram ou apresentarão sintomas; estes são os mais importantes epidemiologicamente por difundirem o agente etiológico contínua ou intermitentemente apesar de passarem desapercebidos. 

PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO - Precaução segundo o dicionário “Aurélio” é a “Disposição ou medida antecipada que visa prevenir um mal; prevenção; cautela; cuidado”. 

RESERVATÓRIO de agentes infecciosos (reservatório de bioagentes) é o ser humano ou animal, artrópode, planta, solo ou matéria inanimada em que um agente normalmente vive, se multiplica ou sobrevive e do qual tem o poder de ser transmitido a um hospedeiro susceptível. Classificam-se as doenças segundo seu reservatório como: 
 Antroponoses são as doenças onde o homem é o único reservatório, único hospedeiro e único susceptível (gripes, DST, febre tifóide). 
 Zoonoses são infecções comuns aos homens e outros animais. 
 Anfixenoses onde homens e animais são reservatórios (leiximaniose).  Fitenoses - as plantas são os reservatórios e o homem susceptível (blastomicose). Obs:Os reservatórios humanos incluem os portadores e os doentes (casos clínicos). 

RISCO - é entendido pela epidemiologia como a probabilidade de ocorrência de um dano. 

SAZONALIDADE - É a propriedade de um fenômeno considerado periódico (cíclico) de repetir-se sempre na mesma estação (sazão) do ano. As doenças são sujeitas à variação sazonal com aumentos periódicos em determinadas épocas do ano, geralmente relacionados ao seu modo de transmissão. Por extensão do significado, o termo abrange em alguns textos também as variações cíclicas. 

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO são conjuntos de informações sistematizadas. Temos na saúde alguns sistemas Nacionais e Estaduais bastante importantes para a VISA: 
 SIAB: Sistema de Informações de Atenção Básica - Nacional 
 SIAMED: Sistema de Informações de Medicamentos - Estadual 
 SIA-SUS: Sistema de informações ambulatoriais de Saúde - Nacional 
 SIH/SUS: Sistema de Informações Hospitalares - Nacional 
 SIM: Sistema de Informação de Mortalidade - Nacional 
 SINAN: Sistema de Notificação de Agravos - Nacional 
 SINASC: Sistema de Informações de Nascidos Vivos - Nacional
 SINITOX: Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - Nacional 
 SISAGUA: Sistema de Inf. de Vigilância da qualidade da água p/ consumo humano - Nacional 
 SISHEMO: Sistema de Informações de Sangue e Hemoderivados - Estadual 
 SIVISA: Sistema de Informação em Vigilância Sanitária - Estadual 


SURTO é a ocorrência de dois ou mais casos epidemiologicamente relacionados – Alguns autores denominam surto epidêmico, ou surto, a ocorrência de uma doença ou fenômeno restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, creches, grupos reunidos em uma festa, um quarteirão, uma favela, um bairro etc. 

TENDÊNCIA SECULAR são as variações observadas em longo período de tempo, geralmente 10 anos ou mais. 

VARIAÇÃO CÍCLICA – são variações no comportamento (incidência e prevalência, mortalidade, letalidade, etc) das doenças em ciclos periódicos e regulares (que se repetem em períodos anuais, mensais, semanais ou até em certas horas do dia).

VARIÁVEL – Que pode apresentar diversos valores distintos, que pode ter ou assumir diferentes valores, diferentes aspectos segundo os casos particulares ou as circunstâncias – “Aurélio”. 

VETORES são seres vivos que veiculam o agente desde o reservatório até o hospedeiro potencial. 
 Vetores mecânicos são os transportadores de agentes, geralmente insetos, que os carreiam nas patas, probóscides, asas ou trato gastro-intestinal contaminados e onde não há multiplicação ou modificação do agente. 
 Vetores biológicos são aqueles em que os agentes desenvolvem algum ciclo vital antes de serem disseminados ou inoculados no hospedeiro. 

VEÍCULOS são fontes secundárias, intermediárias entre o reservatório e o hospedeiro como objetos e materiais (alimentos, água, roupas, instrumentos cirúrgicos, etc.).

Dimensionamento de Enfermagem