Diversas ferramentas, já testadas na realidade brasileiras, são utilizadas na organização e o
desenvolvimento do processo de trabalho do NASF como: Apoio Matricial, Clínica Ampliada,
Projeto Terapêutico Singular (PTS) e Projeto de Saúde no Território (PST).
Apoio Matricial - A expressão “apoio” constitui-se como central na proposta do NASF,
e remete à compreensão de uma tecnologia de gestão denominada apoio matricial (NASF),
que se complementa com o processo de trabalho em equipes de referência (equipe SF), que
buscam mudar o padrão dominante de responsabilidade nas organizações: em vez das pessoas se
responsabilizarem por atividades e procedimentos, caracterizadas como tecnologia dura e levedura, o que se pretende é construir a responsabilidade de pessoas para pessoas, caracterizada pelas
tecnologias leves. Desta forma o apoio matricial agrega tanto a dimensão leve-dura, caracterizada
pela assistência, responsável por produzir ação clínica direta com os usuários, quanto da tecnologia
leve, caracterizada pela ação técnico-pedagógica que produz apoio educativo com e para a equipe.
Clínica Ampliada - A proposta de Clínica Ampliada se direciona a todos os profissionais
que fazem clínica, ou seja, os profissionais de saúde na sua prática de atenção aos usuários.
Toda profissão faz um recorte, um destaque de sintomas e informações, cada uma de acordo
com seu núcleo profissional. Ampliar a clínica significa ajustar os recortes teóricos de cada
profissão às necessidades dos usuários. A discussão em equipe de casos clínicos, principalmente
se mais complexos, é um recurso clínico e gerencial importantíssimo. A existência desse espaço
de construção da clínica é privilegiada para o apoio matricial e, portanto, para o trabalho dos
profissionais do NASF.
Projeto Terapêutico Singular (PTS) - Constitui-se em um conjunto de propostas de
condutas terapêuticas articuladas, direcionadas a um sujeito individual ou coletivo, realizada por
uma equipe interdisciplinar, com apoio matricial se necessário. Geralmente é dedicado a situações
mais complexas. É uma variação da discussão de “caso clínico”. Ele representa um momento em
que toda a equipe compartilha opiniões e saberes na tentativa de ajudar a entender o sujeito com
alguma demanda de cuidado em saúde e, consequentemente, para definição de propostas de ações.
Projeto de Saúde no Território (PST) - Pretende ser uma estratégia das equipes de SF e
do NASF, para desenvolver ações efetivas na produção da saúde em um território articulando os
serviços de saúde com outros serviços e políticas sociais, de forma a investir na qualidade de vida e
na autonomia das comunidades. Ele deve iniciar-se pela identificação de uma área e/ou população vulnerável ou em risco. Tal identificação pode acontecer a partir de um caso clínico que chame
a atenção da equipe, como uma idosa com marcas de queda e que pode ser vítima de violência.
Deve ainda ter foco na promoção da saúde, participação social e intersetorialidade, com a criação
de espaços coletivos de discussão, onde sejam analisados a priorização das necessidades de saúde,
os seus determinantes sociais, as estratégias e os objetivos propostos para a sua abordagem. É no
espaço coletivo onde a comunidade, suas lideranças e membros de outras políticas e/ou serviços
públicos, presentes no território, poderão se apropriar, reformular, estabelecer responsabilidades,
pactuar e avaliar o projeto de saúde para a comunidade. O PST auxilia ainda o fortalecimento
da integralidade do cuidado à medida que trabalha com ações vinculadas à clínica, à vigilância
e promoção da saúde.